Biografia

1-) Gênese

Em 1972 o embrião do que mais tarde veio a ser a Banda Jazzco , era um grupo de amigos que tocava em festas, sítios ou onde fossem convidados ou não, “nós nos auto convidávamos para tocar onde fosse interessante e que a audiência fosse maluca o suficiente para nos entender e agüentar”, os ambientes sempre lisérgicos, o nome do grupo era “ Os Enfermeiros do Pinél”, só os loucos nos entendiam, isso em 1972.

Em 1973 já mais profissionalizados, juntaram-se a mais um musico dos antigos Os Brasões, que tocava com a Gal Costa, e formou-se o Pedras e Rolês que teve uma apresentação memorável em Itapetinga, terminou o show com o grupo na platéia e a platéia no palco, foi uma loucura.

O grupo dividiu-se, e três componentes, Amador Bueno, Zé Moreira e Napoleão, que em seguida juntou-se mais o Paulo Assis (que também era dos “Enfermeiros do Pinel” e “Pedras e Rolês”) e formaram a Banda Jazzco . Amador Bueno guitarra, Napoleão Oliveira vocal e percussão, Paulo Assis contrabaixo, Kiko bateria, Zé Moreira trombone, Satã (Marcos Soares) sax tenor. A primeira apresentação foi no dia 28 de agosto de 1974 numa estrutura geodésica no parque do Ibirapuera. Foi o maior sucesso, pois foi a primeira banda pop com metais, a platéia hippie adorou, foi muito comentada a apresentação, saíram fotos nos jornais.

Em janeiro de 1975 aconteceu o I Festival de Iacanga, em Iacanga, estado de São Paulo, foi o Woodstock brasileiro. Montaram um palco no meio de um pasto de cogumelos de zebu, foi uma loucura, os maiores nomes do rock e pop estavam lá. A Banda Jazzco foi colocada mais cedo, logo após o anoitecer, e aconteceu de ser o horário com maior público, 35 000 pessoas viajando de alegria. A apresentação foi memorável, nessa época a banda tinha duas guitarras, a formação era Amador Bueno guitarra e vocal, Paulo Assis baixo, Roque Silva guitarra, Napoleão vocal e percussão, Antenor Tequila bateria, Zé Moreira trombone, Satã sax tenor.

Passado o festival de Iacanga o cenário rock e pop estava muito agitado com muitos shows e foi organizado um grande festival de rock e pop no autódromo de Interlagos pela radio Difusora (rede Tupy), seria a explosão do rock da década de 70, isto em 1975, poucos dias antes do festival o secretario da segurança proibiu o evento e a ditadura semeou o medo proibindo grandes manifestações musicais. O trombonista Moreirinha sai de férias mentais e entra o Geraldo Pantera no trombone.

Em maio de 1975 houve um festival de rock-pop em São Paulo, mas no teatro da Getúlio Vargas, teve o nome de Banana Progressiva, participaram grupos de São Paulo e Rio, entre os músicos que participaram estavam Lobão, Lulu Santos, Ritchie, Hermeto Pascoal, Erasmo Carlos, etc. Neste dia a Banda Jazzco foi simbolicamente premiada por sua música, foram os cumprimentos efusivos e cheios de elogios de Hermeto Pascoal ao então guitarrista Amador Bueno e ao saxofonista Satanás (Marcos Soares). É bom lembrar que o som da Banda Jazzco não era rock, era uma musica com características próprias com influencias do samba, do baião, do rock, funk, do pop e do jazz, pois sempre houveram os improvisos que era uma das principais características da Banda. Um colunista de Rock da Folha da Tarde, escreveu que o som da Banda Jazzco “ não tava com nada, é um som limpo que parece disco, e o Rock é um som sujo “.

Em julho de 1975 em Apucarana no Paraná foi a ultima apresentação dessa temporada, a Banda acabou no palco, foi trágico, mas foi cômico.

Houve uma pausa para a Banda, a moda disco se expandia e as manifestações musicais foram severamente oprimidas pela ditadura.

Em 1980 o Moreirinha apresenta a Amador Bueno, o guitarrista Milton Belmudes e a Banda Jazzco volta aos palcos com quatro antigos integrantes, Amador Bueno, agora no contrabaixo, Moreirinha, Satã e Pantera, mais os novos Lauro Lellis bateria, Luis Black percussão, Roberto Dantas piano. A primeira apresentação foi em novembro de 1980 na inauguração do The Marquee Pub, sucesso total, o bar estava tão lotado que o principal convidado da banda, o diretor de marketing de um dos maiores bancos do Brasil, não conseguiu entrar, tamanha a loucura e balburdia, um frisson total.

Nesta volta o ambiente e a cara da Banda, estava mais definida, pois a música ficou instrumental, não havia mais músicas cantadas e tendeu para o jazz. Seguiram apresentações em vários teatros, TVs, bares de jazz, que foi até 1984 quando houve a segunda grande pausa, Amador Bueno que fazia e faz até hoje a produção da banda, nesse ano nasce seu primeiro filho e começa a viajar muito com cantores populares e isso fez com que não sobrasse tempo para a produção . A última formação da Banda antes dessa segunda grande pausa foi: Amador Bueno contrabaixo, Milton Belmudes guitarra,Sergio Henriques piano, Lauro Lellis bateria, Cacá Malaquias saxofone, Nailor Proveta saxofone, Ubaldo Versolato Saxofone, Walmir Gil trompete, Cláudio Farias trompete e Luis Black percussão.

2- Fase Atual

Em 2001 Cacá Malaquias saxofonista da banda desde 1981 chamou Amador Bueno para juntar a Banda Jazzco novamente, sentindo que o ambiente estava propício a musica instrumental, e junta-se quatro antigos elementos da ultima formação e retoma-se os trabalhos de uma forma musical mais organizada.

Entram e saem alguns músicos até chegar a atual formação:

Amador Bueno : contrabaixo.

Vitor Alcantara : sax alto, sax soprano e flauta.

Chico Macedo : sax barítono, flauta e pícolo.

Fabio Oriente : guitarra.

Iuri Salvagnini : piano.

João Lenhari : trompete e flugelhorn

Pepa D'Elia : bateria.

Rafael Toledo : percussão.

Gerson Galante: sax tenor.

Junior Galante : trompete e flugelhorn.

Todd Murphy : trombone.

Hoje, como desde a formação há 30 anos atrás , a Banda Jazzco continua apresentando músicas de autoria e arranjos de seus componentes , tendendo aos rítmos e texturas brasileiros em um ambiente de criação coletiva, onde todos opinam.

Já foi dito que a Banda parecia Motel de tanto entra e sai de gente.

Aqui a relação dos músicos que já tocaram e tocam na Banda desde a formação em 1974, relação esta por instrumento:

Guitarra : Amador Bueno, Paulo Assis, Roque da Silva, Mauricio Nassif, Milton Belmudes, Dino Barioni , Fabio Oriente, Michel Leme(canja), Ricardo Corte Real (canja), Djalma Lima, Vinicius Gomes, Fernando Correa, Carlos Iafelice.

Contrabaixo : Paulo Assis, Pancho (gordo aquele), Amador Bueno, Artur Maia(canja).

Bateria : Kiko , Antenor de Paula Tekila, Lauro Lellis, Magno Bisoli, Renato Lellis, Giba Faveri, Lelo Izar, Guilherme Comboio, Pepa D'Elia, Azael Rodrigues, Douglas Diadema, Binho Jacaré, Fernando Baggio, Celso Almeida, Edu Ribeiro.

Piano : Roberto Dantas, Sergio Henriques, Miguel Briamonte, Bruno Cardoso, Leandro Duarte Braga, Amilson Godoy,Iuri Salvagnini, Gustavo Bugni, Guilherme Ribeiro, Amador Longhini, Carlos Roberto Oliveira (Dom Beto), Marinho Boffa, Vinicius Dorin.

Saxofone : Satã (Marcos Soares), Amendoim, Cacá Malaquias, Nailor Proveta, Ubaldo Versolato, Tiago, Sergio Ricardo, Mauricio de Sousa, Marcelo Coelho, Vinicius Dorin, Roberlis Juruna, Chico Macedo, Sergio Ricardo. Rogério Barítono, Samuel Pompeu, Gerson Galante, Otávio Bangla, Gustavo D'Amico, Anderson Quevedo, Nailor Proveta, Manu Falleiros, Brad Sax, Josué, Beto Comboio, Prequeté, Mauro Caselato, Inaldo SPOK (canja), Clayton Tenor, Vitor Alcäntara.

Trompete : Cláudio Farias, Nonô Camargo, Tenissom, Azeitona, Walmir Gil, Naor, Junior Galante, Jericó, Rogério Froes,Carlinhos Alligator, João Lenhari, Rodolfo Neves, Ge , Reinaldo 17, Rubinho Antunes, Zézinho, Fred Mills(canja), Otavio, Jean Pierre, Sidmar, Willy, Paulo Jordão, André Brito, Alessandro, Paulinho Viveiros.

Trombone : Zé Moreira, Geraldo Pantera, Samuel, Renato Farias, Peter Cirelli, Todd Murphy, François de Lima, Valdir Trombone, Will, Serginho Santa Catarina.

Percussão : Napoleão, Luis Black, Douglas, Luis Carlos de Paula, Allen, Vinicius, Jovito Colluna, Cleber Campos, Marquinos da Luz, Bruno Sotil, Fred Prince, Douglas Alonso, Rafael Toledo.

Fatos Marcantes

Em 1975 em Apucarana , no Paraná, acontecia um festival de música na cidade, no júri estavam entre outros Elis Regina e César Camargo Mariano, a Banda Jazzco e o grupo Terreno Baldio eram os nomes que abriram e fecharam o festival com cantores , compositores e músicos da cidade. Logo na primeira música, que era interpretada pelo filho do prefeito, parou nos primeiros acordes e o rapaz disse que estava muito louco e não conseguia cantar, nisso seu pai , o prefeito de Apucarana, sai do meio da platéia , sobe no palco e pega o filho pelos colarinhos e a zona está formada, vão todos para atrás do palco , inclusive a Elis Regina , o César e os outros jurados , que tentam acalmar o prefeito que queria bater no filho, no meio desse rolo , mandaram que a Banda Jazzco começasse o show. No meio da maior confusão começou o show.No improviso da guitarra logo na primeira música, o guitarrista Amador Bueno , ajoelhou-se no palco só para fazer uma cena, e todos começaram a gritar, sem saber porque estavam gritando tanto, no meio do solo ele se levantou, e nesse exato momento , um monte de pólvora que estava entre seus joelhos explodiu, por um triz ele não se queimou, o cantor e percussionista Napoleão havia posto a pólvora lá e pusera fogo no caminho de rato para explodi-la sem avisar ninguém.O clima já estava péssimo , com tres novos componentes no palco , o contrabaixista pirou no palco e esqueceu tudo. A Banda acabou no palco antes do final do show e a apresentação terminou no meio. Isto foi na primeira temporada da Banda.

Na volta da Banda Jazzco em 1980 , na primeira apresentação, uma amiga do Amador Bueno , a Fátima , conseguiu convencer o diretor de marqueting de um dos maiores bancos do Brasil , a assistir a apresentação da Banda e patrocinar alguns shows. O The Marquee Pub que estava inaugurando naquele dia estava tão cheio mas tão cheio , que no meio do empurra empurra , o tal diretor não conseguiu passar da porta e foi embora e não quis nem ouvir falar mais da Banda.

Em 1983 aconteceu quase a mesma coisa no bar O Ponto, este bar nos Jardins em São Paulo, não permitia a entrada de pessoas usando tênis, só entrava de sapatos. Era convidado da Banda , para promove-la e talvez até produzir a gravação de um disco, o Lizandro da Radio Difusora de São Paulo e estava indo para a direção da área internacional de uma gravadora internacional. Nesse dia o importante personagem estava de tênis e os porteiros terminantemente proibiram sua entrada , mesmo explicando quem ele era, nisso chamaram o Amador na portaria do bar, todos os músicos já estavam no palco prontos para iniciar a apresentação, Amador estava com uma bota toda amarrada até o tornozelo e seu pé era menor que o do importante personagem, Amador foi correndo até o palco para conseguir um par de sapatos, quando viu que o Cacá estava de mocassim , tipo de sapatos que saem facilmente dos pés, e começou a pedir , Cacá tire os sapatos, e o Cacá respondia , pra que? e o Amador pedia, tire os sapatos, rápido , tire os sapatos, e o Cacá continuava , pra que? e continuava preparando a ordem das partituras pra iniciar o show e nisso o baterista que estava no fundo do palco começou a contagem para começar o show , e Amador subiu rapidamente no palco e começou a música, e o importante produtor ficou de fora do bar , não viu e nem quis mais ver a Banda.